Sabe...Talvez eu
tenha sido um pouco dura comigo mesma, talvez os mares agitados não mereçam
tanta preocupação, e os ventos que fazem as janelas balançarem não sejam dignos
de lágrimas na calada da noite. Quem sabe os verdadeiros motivos do choro e da
insonia, estejam já com o prazo de validade, e eu esteja sofrendo por coisas pequenas. Quem sabe o meu coração já foi concertado, e todas as cicatrizes
estejam mais suaves, acho que nem dá para vê-las mais.
Olho pela vidraça já
embaçada, e lá longe as folhas estão caindo, como cada parte do meu corpo nos
dias frios e chuvosos que tua ausência pousou em mim.
Respingos no assoalho
me lembram o chão do banheiro em todos aqueles meses que passei, com uma linha
de vida, apenas uma fagulha de esperança, apenas um suspiro que por vezes me
acalmava. As folhas de caderno com seu nome e uns corações queimaram rápido na
lareira, e pela ultima vez algo que vinha de você me esquentava, tão raso
comparado a todo sentimento que tínhamos.
Deixamos tudo ir por tão pouco, caindo
das nuvens numa velocidade assustadora, e cortando em mil não só o coração mas
tudo. As idéias as vontades, os sonhos. È, talvez eu realmente tenha sido dura
comigo mesma, nada daquilo foi culpa só minha, estávamos os dois na beira do
abismo, e eu me joguei, esperando sua mão na minha. Tive que encarar o concreto
sem você, e vê-lo, lá debaixo. Você teve medo, e eu vi naquele momento o abismo que
nos separava, e que separava nossos sentimentos tão diferentes, e tão
desproporcionais.
Eu me concertei sozinha, e fui dura comigo mesma. Porém, olhe pela
vidraça embaçada, aqui dentro estou de pé, não há mais lágrimas em meus olhos, e nem culpa dentro do meu coração.
Não
importa quanto tempo demorei pra me recompor, estou viva, e pronta, pra um novo
começo. E que por gentileza, dessa vez, seja doce, e verdadeiro. Melhor que isso, só durando até o fim da vida.
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