Nunca gostei de estudar. Eu gostava era de ir pra escola,
zuar com as amigas, rir dos professores, mas estudar era um castigo pra mim.
Consegue dimensionar a minha alegria com o ultimo ano do colegial? Passei o 2º
ano inteiro imaginando e planejando tudo que faria no próximo ano. Queria que
fosse inesquecível, seria a ultima vez que eu ia fazer qualquer coisa naquele
maldito colégio.
Comprei um caderno da barbie com cheirinho pra me lembrar
sempre daquela época, parecia que iria ser um ano mágico. Tirando a pressão do
vestibular é claro. Juro que não estava nos meus planos me apaixonar, eu juro,
mas o coração é claro que não obedece nossas regras. E o que era pra ser um bom
final de fase, foi um marco muito maior do que gostaria.
Segundo mês de aula, e eu ainda não tinha decidido aonde ia
sentar, é difícil conseguir um lugar que dê pra bater papo com seus 4 melhores
amigos. E paralelamente com minha difícil escolha, minha melhor amiga do mundo
comentou que seu primo bonito, que ela me mostrou uma foto alguma vez, viria
estudar conosco, não dei muita atenção pra isso. E uma semana depois ele estava
lá, sentado ansioso no pátio da escola, esperando a prima que parecia que não
ia chegar nunca. Ela me mostrou ele de longe, meu coração não pulou, minhas
pernas não tremeram, não aconteceu nada. Eu só olhei pra ele, e lamentei ele
usar aquele estilo de roupa, tão comum nessa cidade e tão desprezível ao meu
ver. Fomos apresentados, e logo já puxei papo, nada de interesse, ele era um
garoto novo, e eu sempre estudei lá, então, só quis fazer com que ele se
sentisse bem ali. Meu lado boa garota apareceu pra pessoa errada, mas eu não
sabia na hora.
Ele logo percebeu que eu era inteligente, e muito carinhosa
com todo mundo, sentou perto de mim na sala, e fazia questão de arrastar a
carteira do meu lado todo santo dia. A gente conversava, ouvia música, ria e
brigava, e cada aula diferente crescia um sentimento dentro de mim sem eu
perceber. A sala toda comentava que parecia que ele era meu primo, por que ele
nem falava com a prima verdadeira dele. Comecei a notar que alguma coisa estava
diferente quando eu olhava pra ele e sorria instantaneamente, e tive certeza
quando ele colocou um tipo de música que eu odiava enquanto dividíamos o fone
de ouvido, e eu não disse nada.
Dá pra acreditar que eu decorei a música em um dia? E ainda
virei fã da dupla que interpretava. É, ele fez uma reviravolta em mim. E ficou pior quando
meus amigos me convenceram que o meu sentimento era recíproco. Pior por que eu
comecei a deixar pistas, esperando que ele me seguisse. Voltando e deixando
outras pistas. Me humilhando e escrevendo na testa que eu estava apaixonada.
Mas nada. Ele fazia que entendia os meus recados, mas não agia de verdade.
Comecei a perceber que entre cochichos, ele fazia o mesmo com todas as garotas da turma, e as de outras turmas. Vi o tamanho do seu ego inflado cada vez que uma garota diferente vinha fazer algum favor que ele pediu em meio á um abraço, ou um beijo na testa. Todas em volta dele. Paparicando. E eu me senti idiota quando me vi no meio delas. E fui me afastando. Fazendo cara feia pra cada piada que ele fazia comigo, respondendo com grosseria cada favor que ele me pedia. Dizendo não, mas querendo dizer sim, torcendo pra ele mudar por mim. Correr atrás de mim. Gostar de verdade de mim, e não apenas fingir. Mas outra garota fez isso melhor que eu, e aí ele começou a namorar, já era junho e nada do que eu tinha planejado pro ultimo ano eu tinha feito. Me dei inteira pra um sentimento que só me deixava no chão frio. Em troca de nada. Via ele no intervalo com a tal garota, que nem era a mais bonita da escola, e me corroía por dentro, lutava pra nenhuma lágrima cair ali na frente de todas aquelas pessoas.
Comecei a perceber que entre cochichos, ele fazia o mesmo com todas as garotas da turma, e as de outras turmas. Vi o tamanho do seu ego inflado cada vez que uma garota diferente vinha fazer algum favor que ele pediu em meio á um abraço, ou um beijo na testa. Todas em volta dele. Paparicando. E eu me senti idiota quando me vi no meio delas. E fui me afastando. Fazendo cara feia pra cada piada que ele fazia comigo, respondendo com grosseria cada favor que ele me pedia. Dizendo não, mas querendo dizer sim, torcendo pra ele mudar por mim. Correr atrás de mim. Gostar de verdade de mim, e não apenas fingir. Mas outra garota fez isso melhor que eu, e aí ele começou a namorar, já era junho e nada do que eu tinha planejado pro ultimo ano eu tinha feito. Me dei inteira pra um sentimento que só me deixava no chão frio. Em troca de nada. Via ele no intervalo com a tal garota, que nem era a mais bonita da escola, e me corroía por dentro, lutava pra nenhuma lágrima cair ali na frente de todas aquelas pessoas.
Eu lembro de um dia que a TPM estava bagunçando mais ainda
tudo aqui dentro. Nem saí da sala, fiquei ali quietinha num canto copiando
qualquer coisa no caderno. Quando todo mundo entrou na sala falando com ele,
rindo sobre algo relacionada com a nova garota que ele andava abraçado nos
corredores, ele sentou atrás de mim, brincou com meu cabelo, tremi por dentro e
por fora continuei com os olhos no caderno, minha amiga (que não era muito
esperta nessa época) falou pra ele conversar comigo, por que eu estava brava,
por algum motivo que todos sabiam, mas fingiam não saber. Ele falou algo como:
“ Eu não! Foda-se, não fiz nada pra ela!” Mesmo depois de 2 anos quando lembro
dessa frase ainda dói um pouquinho. E como se não fosse o bastante ele com tom
irônico em meio a risadas disse ainda: “ Você ta com ciúmes?” minha TPM não suportou ouvir aquilo, e a dor se transformou
em raiva e eu gritei pra turma toda ouvir : “ Ah! To com ciúme sim ! Se enxerga
garoto! Cresce ! Me deixa em paz!” O silêncio invadiu a turma, e se alguém tinha duvida que eu
era apaixonada por ele, com aquela frase quase chorada e nenhum pouco
verdadeira da minha boca, tiveram certeza.
A TPM passou, a raiva passou, a ferida diminui, e já era
novembro, ele nem estava mais com a tal garota, eu já falava com ele
normalmente, fingindo (bem na verdade) que não sentia mais nada por ele. Eu
aprendi a filtrar meus sentimentos, e passei a ignorar as atitudes que me
faziam querer matá-lo, até meus amigos mais próximos quase acreditaram
que eu tinha superado. Por ironia ele começou um relacionamento com uma garota
que hoje vem a ser uma das minhas amigas mais próximas. Ela não aguentou muito
tempo, e hoje está com um cara legal, que a merece de verdade.
No meu ultimo ano de colegial, eu não fiz nada de
importante, não pulei muros, não quebrei regras. Mas mudei totalmente meu jeito
de enxergar as coisas. Aprendi muito com o cara mais estúpido que conheci na
minha vida inteira. Aprendi a ver quem quer sua companhia e quem precisa dela,
que nem sempre um abraço significa alguma coisa, e que o coração é um lugar
bonito demais pra deixar qualquer um entrar pisando em tudo. Ele me abriu os
olhos e me fez ver como uma pessoa imatura pode ser podre por dentro. E me deu a
lição mais importante: se alguém não te merece, não te valoriza, ou
simplesmente é um canalha, vire as costas e vá embora. Não perca seu tempo. Por
que já pode ser dezembro do seu último
ano, e você não terá nada além de cacos do seu coração pra catar enquanto fazem
a contagem do Ano-Novo.
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