domingo, 23 de março de 2014

Cais


Eu tô aqui sabe? Eu ainda tô esperando você largar essas menininhas de final de semana e me ligar. Tô rezando pra que cê olhe qualquer cartaz de filme antigo e lembre da gente. Eu tô aqui olhando as estrelas e pensando que cê tá olhando elas também, e tá pensando que fez uma besteira enorme fugindo do amor que a gente tinha. Tá doendo saber que toda cantada barata que me fez morrer de rir, tá funcionando com essas garotas vazias que cê anda saindo. Mas mesmo assim eu tô aqui sabe, te esperando com um vinho e a música perfeita que cê sempre disse que queria dançar comigo.

Eu vi tantos filmes bons mês passado, cê iria gostar de todos, e eu ia gostar que você estivesse aqui pra me dizer que eu sou a cara da protagonista. Eu sinto tanto a sua falta meu bem, é difícil ouvir qualquer mbp sem lembrar da sua cabeça pendendo pra um lado desafinando uma nota no violão, me fazendo te acompanhar na canção que servia direitinho em nós.

A gente se conhece tanto sabe, eu te enxergo tão bem. Eu sei que é raro um lance assim como o nosso, e sei que isso te assusta.Te apavora eu saber tanto de você, perder o controle da situação né? Eu entendo cada linha sua, e todas as partes soltas que eu encontro por aqui eu encaixo em você. E não forço não amor, elas meio que vão sozinhas pro seu lado, te procuram sabe. E isso é tão raro, cê não vê? E raro poxa.

Se você tiver disposto a abandonar seus orgulhos e medos, eu queria dizer que tô aqui. E olha, não é fácil pra mim também, eu fico pequeninha perto de você, cê entende? Eu me assusto no jeito que a gente se olha e se compreende, eu sinto um bater de asas na barriga cada vez que uma piada nossa não faz sentido pra mais ninguém, só pra gente. Me dá medo de acabar rápido demais, dá medo de te machucar, me dá medo de não te ter mais de jeito nenhum, tipo como agora.

Eu não quero te prometer o amor que a gente sempre disse que sonhava, eu não vou te dizer que sou a pessoa que cê descrevia nas conversas de madrugada, a menina meiga e forte que cê queria cuidar. E nem quero que você tente ser o cara do cabelo mal arrumado, engraçado e criativo que eu desenhei na sua mão enquanto chorava um romance mal resolvido. Eu só quero que a gente se resolva, sabe, assim desse jeito nosso. Mas dessa vez sem ironias sobre um possível romance entre nossos olhos, só deixa a gente ser o amor que a gente sabe que é, não é ruim meu bem. É bonito sabe, é nosso. E é tão raro amor, tão raro.


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